Vestidinho Vermelho

(Júlia Frossard – 8ºB)

 

Era um quente dia de verão na aldeia. Uma bela menininha se arrumava para visitar sua avó adoecida. Colocou um vestidinho vermelho que sua vovozinha havia costurado há uns anos, já estava curto, mas visto o calor, ela nem se importou. Sua mãe preparou uma cesta de comidinhas para a filha levar, colocou também um spray de pimenta na cesta, pois o caminho era perigoso. Aconselhou a filha a tomar cuidado e não falar com ninguém. 

Assim foi a menina de vestido vermelho pela floresta. O caminho era esplêndido, tantas flores diferentes, borboletas, pinhas, joaninhas… A entretida criança parava para apreciar cada um, mal prestava atenção se estava tomando o caminho correto. Foi então que se perdeu. Um lobo que estava observando-a saiu de seu esconderijo e começou:

“Boa tarde, garotinha, está perdida?” 

Esquecendo do conselho de sua mãe de não conversar com estranhos, respondeu:

“Imagino que sim, mas não tem problema, eu consigo achar o caminho para casa de minha avó.”

“Hmm, e onde fica? Posso te ajudar.”

“Fica ao lado de duas grandes árvores de carvalho, o senhor deve conhecer.”

O lobo pensou: “Não faço ideia de onde ela está falando. Mas, uma perdida e indefesa garotinha assim, com as perninhas aparentes pelo curto vestido…Estoutentado. Ela dará um bom petisco.” 

Fingindo guiá-la, o lobo levou-a a um local vazio. Preparando-se para dar o bote, abriu a boca e exibiu seus pontudos dentes. Alarmada, a menininha sacou o spray que sua mãe lhe dera e espirrou nos olhos do lobo. 

Ela correu, correu, o mais rápido que pôde, até que encontrou lenhadores, explicou o ocorrido a um deles para que a ajudasse, mas em vez de receber ajuda recebeu um sermão:

“Mas o que você esperava também? Andando com vestidos curtos desse jeito, é lógico que isso aconteceria.”

Desolada, a criança continuou seu trajeto. Achou o caminho e chegou à casa de sua avó. Bateu à porta, ainda pálida. Vendo sua neta naquele estado, a velhinha perguntou se estava tudo bem. A menininha, que não queria preocupar sua vovó já doente, apenas respondeu que sim e guardou sua história para si, nunca contou para

ninguém, nem para sua mãezinha.

Seu trauma a assombrou por toda sua vida. O caminho da floresta, que tanto a agradava, foi perdendo a graça. Nunca mais confiou em nenhum estranho. E até o seu vestidinho vermelho favorito foi deixado de lado, jamais voltaria a usá-lo.